25 novembro 2010

Baú dos segredos



Não sei de quem era, nem que maravilhosos tesouros se escondiam nele. Foi comprado num leilão, daqueles que vendem tudo.

Com toda a certeza foi um baú de brincar, e o padrão florido que forrava o interior denunciava-o. Tesouros de criança são segredos de adulto , por isso se tornou no meu baú dos segredos.
É onde guardo todos os bilhetinhos de amor e todos aqueles mimos momentâneos que não queremos deitar fora.

Não lhe fiz nada de especial, pintei-o e forrei-o de novo com recortes de um jornal de 1957. Adoro o tom amarelado das folhas e o letring dos anúncios; para alem de achar que resulta bastante bem. A base ainda está com o papel original, gosto sempre de manter o espírito da peça, seja ela qual for.

S.

18 novembro 2010

Cama Azul



Esta cama é mais uma das batalhas que travei com o meu Avô.

-"Mas para que é que tu queres isto?!?"

Diz-me isto sempre que lhe peço alguma tralha velha, mas sempre com um ar de desespero e incompreensão. Aquele ar dele dá-me vontade de rir, acho-o delicioso.
Para ele é uma cama velha sem arranjo e sem utilidade ; para mim é um desafio e um móvel que não vou encontrar em mais sitio nenhum.

Esta cama de solteiro era dos meus trisavós, mas usava-a o meu Tio-Avô na casa onde passavam férias. Ainda a encontrei com dois colchões de palha em cima e muitas caganitas de rato...
Uma das pernas estava bastante estragada e tinha sinais de já a terem tentado recuperar, mas o betume estava mal aplicado e era muito provavelmente de 1950's.

Decidi retirar o betume antigo para o substituir, mas o tamanho dos estragos eram demasiados para recuperar. Nem hesitei, fui a um marceneiro e pedi-lhe para substituir as peças danificadas.

A perna da cama tinha sido comida por térmitas, a madeira estava oca e eu não tinha a certeza da extensão dos estragos. Era claro que a cama teria estado numa zona com este tipo de praga e só depois transferida e recuperada pela primeira vez.


É uma cama pequena, tem 1,70m por 0,90m, e bastante baixa. Parece-me ideal para uma criança.

S.

Banco do rio


Este não fui eu que resgatei, apanhou-o o meu Pai no rio. Tirou-o da água e guardou de propósito para me dar. Podem ver o estado em que estava inicialmente, nem parecia recuperável.
Posso-vos dizer que demorei 6 horas só para lhe tirar todas as camadas de tinta que tinha.
Quis deixá-lo com as cicatrizes da sua longa e atribulada existência, é isso que o torna único, e pintei à mão uma coroa de flores no assento. Preferi deixá-lo simples, nada de grandes extravagâncias, ele já não tem idade para isso.
Este tom de vermelho é a cor que associo aos tascos, onde imagino que tenha estado.

S.